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Foto do escritorRaissa Ferreira

Tribeca 2024 | Satisfied

Com documentário protocolar, Chris Bolan e Melissa Haizlip entregam a visão de Renée Elise Goldsberry sobre sua própria jornada, em filme que é um prato cheio para os fãs de Hamilton

Satisfied Documentário Crítica

O musical Hamilton se tornou um fenômeno tão grande na Broadway quanto fora dela, pelas filmagens e, posteriormente, a oficial que se tornou até mesmo aceita no Globo de Ouro, ganhou diversas reproduções pelos Estados Unidos. Mas o que os fãs conhecem e amam é o elenco original que inclui Lin-Manuel Miranda como protagonista e Renée Elise Goldsberry com Angelica. Eu provavelmente nem precisaria fazer essa introdução, visto que Satisfied é um documentário que dificilmente chegará aos que não conhecem o musical e, se chegar, ouso dizer que será pouco aproveitado. Os registros mais pessoais parecem ter sido feitos pela própria Renée Elise Goldsberry, e embora seu foco seja na sobrecarga enquanto mulher, mãe e artista, a questão principal ronda os bastidores da produção de Hamilton, desde os primeiros ensaios até sua última apresentação na Broadway. É devido ao papel como Angelica Schuyler que sua vida toma outra proporção, visto que Hamilton é de fato algo que ganhou um tamanho surreal. Todo olhar dos diretores, montando de forma não exatamente linear, costurando a vida dessa mulher para contextualizar a dimensão de suas questões, vai de entrevistas bastante protocolares, se assemelhando a uma matéria do fantástico, puramente jornalístico e romântico, até imagens verticais de celular, com momentos mais íntimos. E por ser uma obra focada nessa mulher, muitas vezes sua jornada parece individual demais, isolada dos outros colegas e distante da família, a partir do momento que sua carreira decola, mais sozinha ela parece. 


Ao lidar com questões como o afastamento dos filhos pelo trabalho exaustivo e o cansaço emocional de lidar com diversas tarefas, Satisfied fala sobre Renée, mas abrange o que muitas mulheres passam constantemente, em carreiras menos prestigiadas pela mídia. As muitas gestações perdidas, a adoção e o marido que segura as pontas em casa, revelam um vida cheia de obstáculos mas de muito apoio próximo, é uma observação bastante novelesca que o documentário faz, com sua protagonista extremamente otimista, vivendo o sonho americano. Mas, para os fãs de Hamilton, existem momentos preciosos que fazem até as cenas mais caretas valerem a pena. Músicas que nunca escutamos na versão final sendo ensaiadas, trechos desde o nascimento da ideia, no workshop, bastidores e o piano de Satisfied constantemente tocando. Não poderia ser diferente, é provavelmente uma das melhores músicas para grande parte dos fãs e qualquer um que assistiu Renée cantando “rewind” e viu todo o palco se mover pela primeira vez, certamente sente o impacto até hoje ao ver cada pequena peça desse quebra-cabeças se montar. O curioso é que Hamilton é feito de muitos artistas e pouco os vemos, por uma menção ou outra da atriz, sabemos que havia uma boa relação entre todos, mas a visão do longa sempre a posiciona isolada na experiência, apenas Lin-Manuel Miranda faz algumas aparições e bem pontualmente, Ariana DeBose.


Assim, Satisfied cria uma relação bem direta com Renée, expondo boa parte de sua vida e seus dramas para estabelecer a importância de cada acontecimento na época do sucesso do musical, mas o grande fôlego que o documentário tem é mostrar Angelica nascendo e existindo por meio da artista, a grandiosidade desse momento que ela mesma reconhece como algo único e especial que viveu, tirando isso, é uma grande matéria de televisão que floreia a vida de uma atriz fantástica.




 

Nota da crítica:

2,5/5


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