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Foto do escritorRaissa Ferreira

X: A Marca da Morte - O terror de envelhecer


X a marca da morte

O artifício de usar idosos em filmes de terror está longe de ser novidade. A fase da vida que, teoricamente, nos aproxima mais da morte, carrega diversos mistérios e medos que tornam naturalmente a velhice um desconhecido assustador. Em A Visita, por exemplo, Shyamalan explorou esse horror que assim como em X, aproxima a terceira idade de um fator quase sobrenatural nos filmes de terror. Em outros tantos filmes, as pessoas mais velhas e seus corpos envelhecidos já foram usados como um elemento do medo que traz estranhamento e assusta tanto quanto os espíritos.


Portanto, X não traz nenhuma novidade em seus elementos de horror, mas não deixa de divertir por isso. Carregado de referências ao próprio cinema e a outros filmes, um dos méritos do longa, para mim, fica por conta de como a velhice é trabalhada e amarrada em toda a narrativa.

Corpos jovens, cheios de sonhos e energia cercam o elenco principal do longa de Ti West. O grupo formado por 3 casais viaja para gravar seu filme pornográfico que quer ser artístico, o cineasta promete trazer o cinema para o pornô, fazendo algo único, nunca antes feito no meio. A proposta é perfeita para Maxine, personagem de Mia Goth, que quer ser uma estrela e não aceita nada menos do que ela merece e luta para ser.


O local escolhido para a gravação, uma casa remota em uma fazenda, é propriedade de um casal de idosos, em um local claramente conservador. A forma como o casal mais velho é retratado é, como na maioria dos filmes desse tipo, uma caricatura da velhice que cruza a linha da monstruosidade. Eles quase nunca são filmados na luz, sempre retratados de forma sombria e com seus rostos e corpos montados para parecer algo ainda mais assustador, com a pele sendo provavelmente o maior artifício para causar a repulsa nos personagens e também no espectador.


Um paralelo é traçado aqui entre os corpos jovens do grupo e os corpos envelhecidos do casal. A vida cheia de sonhos que está apenas começando, contra as vidas que já estão próximas do fim, sem expectativas. A sexualidade à flor da pele contra os corpos que não tem mais atrativos, nem tesão, ou que tem um tesão reprimido demais. Nossa protagonista, Maxine é o auge da sexualidade. Atriz pornô com um X Factor, como seu próprio namorado diz, belíssima, decidida, com todo o futuro à sua frente. Já a velha senhora dona da casa só tem saudades de uma vida que viveu um dia, de quando era dançarina e de quando seu marido ainda conseguia demonstrar alguma paixão física por ela.

A inveja dos jovens é o que enlouquece essa mulher que, aparentemente, só queria transar com seu marido, ser desejada e ter um pouco de sua juventude de volta. Quando falamos de envelhecer, acredito que esse peso sempre seja maior para as mulheres e é por isso que o filme foca tanto na dualidade entre a mulher mais velha e Maxine.


Como todo slasher ambientado nos anos 70, ainda cabe aqui uma boa e velha punição à mocinha que faz sexo. Esse papel clichê do cinema fica por conta de Jenna Ortega, que se mostra puritana no começo mas cai no deslumbramento da pornografia e como é de se esperar, morre no final. Já a final girl de Mia Goth está longe de ser uma garota pura, apesar de ser fruto de um lar religioso ela busca viver sua própria história e o que a faz sair viva no final é justamente o paralelo que o filme traça o tempo todo, sua diferença de idade com a mulher idosa.

Mas, as últimas palavras da mulher não mentem, Maxine também vai envelhecer um dia, e essa fase assustadora e desconhecida que parece nos privar de tanto ainda há de alcançar (quase) todos nós.





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